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14.3.07

Minha mãe é uma contadora de histórias

Atualizada sobre certas atitudes de hoje em dia (não aceita que o namorado durma em casa; sempre me liga de madrugada para falar que já está na hora de voltar para casa; tem pavor de imaginar que eu viaje sozinha com meu namorado e isso já deu briga – enfim, minha mãe é “das antigas”), ela é uma pessoa que lê muito, que adora filmes, antenada com o que acontece no mundo. Uma pessoa culta no primeiro sentido da palavra: ela tem cultura mesmo!

E melhor: é uma delícia vê-la contando as histórias que lê na Revista “Seleções” (Reader’s Digest), que vê nos programas que assiste – completamente de coração.

Então vou transcrever a última história que ela me contou (tentando manter a delicadeza com que ela contou, fazendo meus comentários entre parênteses. Mas bom mesmo é ouvi-la pessoalmente):

“Ontem à noite, estava assistindo um desses programas americanos e vi uma história que adorei! Era um programa de entrevistas, do tipo do Jô Soares, com uma negra muito bonita (traduzindo: The Oprah Winfrey Show). Ele (o entrevistado/protagonista da história não tem nome) contava à apresentadora que teve que fugir de onde morava, na África – eles eram muitas crianças e andaram mais de 1.500 quilômetros pelo deserto para poderem escapar da guerra que acontecia lá.

Num dos vários lugares que recebeu ajuda, ele – mas você precisava ver como ele era lindo: negro e com o rosto redondo, um sorriso lindo. Daquelas pessoas que dá vontade de apertar quando você vê. Ele era lindo, Gabriela! –, ele pediu para tirarem uma foto dele, com uma menina e mais um casal. Todos eram refugiados e estavam juntos, junto de mais um monte de pessoas. Depois disso, guardou a foto sempre com ele.

Bom... Depois, ele conta que conseguiu vir para os Estados Unidos. Veio de calça, camisa, chinelo, uma Bíblia na mão e a foto dentro dela. Fez sua vida por lá e quando pôde, foi visitar um amigo no Canadá, que também era refugiado como ele. Chegando lá, não se sabe quais são os desígnios de Deus, encontrou com a menina da foto, que sempre levava consigo: ‘Veja! É você nessa foto! Eu sempre te amei!’

E eles se casaram. Só que só depois de ele ligar para o pai dela, lá na África, e pedir sua mão. Para poder casar, ele tinha que dar ao pai dela 68 vacas. O que equivalia a 12 mil dólares. Ele não tinha esse dinheiro, mas os amigos ajudaram, pediram dinheiro na rua, fizeram campanha... E assim, ele mandou o dinheiro para o sogro.

Mas, por serem refugiados e todos esses problemas de cidadania, hoje, ele está nos Estados Unidos e ela, no Canadá. Ele tem um sorriso lindo! E ela está grávida! Ah, a apresentadora disse que gostava de fazer surpresas e como era Dia dos Namorados (o Valentine’s Day deles é no dia 14 de fevereiro), ela levou a esposa dele para o programa. Ela já está com uma barriga grandinha e ele, que bonitinho!, chorou. Todo mundo chorou... Uma história bonita, viu!?

Como eu disse, você tem que ouvir isso pessoalmente: saber da magia que é ouvi-la contando suas histórias. É uma delícia viajar com ela nessas histórias sempre cheias de amor... Outras dessas virão!”

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