Vox Animalorum
(Roberto Pompeu de Toledo)
Em palpos de aranha, j� farto,
ouvindo cobras e lagartos,
engulo sapos, dois a dois,
ponho o carro � frente dos bois,
tento, numa só cajadada,
pegar dois coelhos � que nada;
tropeão, insisto, arrasto as m�goas
... e dou com os burros n��gua.
No mato, para onde corro,
percebo que estou sem cachorro.
Gato escaldado, mesmo fraco,
prossigo, e ao dar com os macacos
ordeno: �Cada um no seu galho!� �
mas se juntam e me avacalho.
Encaro a cobra e mato � mas qual!
... esqueão de mostrar o pau.
Agora chove, e � em vão que falo:
�Por favor, tirem o cavalo�.
Aceito o Abraço do urso, vacilo
�s l�grimas do crocodilo.
ouso cantar de galo, e no ato
apanho o mico e pago o pato;
sofro, caio, trombo me aleijo
... enquanto a vaca vai prão brejo.
Engulo mosca além da conta,
Giro como barata tonta,
e na hora em que a porca torce o rabo,
que vem a ser, ao fim e ao cabo,
a mesma em que a on�a bebe �gua,
atraio a porca e a on�a, afago-as,
apresso-me a fugir de esguela
... mas fica a pulga atrês da orelha.
Ouão um tropel. O chão sacode.
L� v�m: expiatérios bodes,
criadas cobras, negras ovelhas,
vacas de presópio em parelha,
esp�ritos de porco em revoada...
Ganho montaria pr�a escapada:
� cavalo dado, um presente
... mas não ag�ento e olho os dentes.
Pronto. Chega de estripolias.
Moral da história, exata e fria:
não fosse a bicharada amiga,
como expor as muitas intrigas,
as peripécias e as dissódias
que fazem parte desta vida?
Dito o qu�, repouso das canseiras
... pensando na morte da bezerra.
(Retirado, ipsis literis, da piau�)
Marcadores: Arte e Prosa e Poesia
2 Comentários:
Que fofo!
Fiquei lendo e imaginando seus tombos! Rsrsrsrrs.
Beijo
K
�...
A vaca sempre vai pro brejo quando eu caio! :P
bjooooo!!!
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