A saga de um neg�cio quase mal feito
Na �ltima de abril, recebemos um contato de um comprador de Benin, pa�s da �frica do Sul, interessadêssimo em nosso produto: a Cachaça Gabriela. Seu primeiro pedido era de dois containeres de 40�� � o que significa cerca 28.000 garrafas, em cada um deles. Eu, muito p� no cháo e conhecedora de nossa realidade (sabia que �ramos eu e Marcelo que ter�amos que preparar MANUALMENTE essas garrafas), afirmei ao pseudo-comprador que, dentro de 45 dias, poderia entregar a ele somente um container de 20�� (14.112 garrafas de 700ml, para ser mais exata). E logo em seguida, ele poderia fazer outro pedido, se fosse de seu interesse.
Ele aceitou todas as nossas exigências: faria o pagamento antecipado, ou seja, antes de a mercadoria sair da f�brica e ir para o porto de Santos e ainda fez a compra das mercadorias com pre�o FOB, o que significa que nossa responsabilidade na entrega iria at� o porto de Santos. A travessia at� a �frica seria de total responsabilidade dele. A venda perfeita.
Enviamos as amostras (nossos custos) para que ele conhecesse o produto. Depois, enviamos o documento (nossos custos) para que pudesse fazer a transferência de dinheiro. Enquanto isso, muito trabalho, muita correria, estafas constantes: engarrafamos cachaça, encomendamos r�tulos em ingl�s, enviamos os r�tulos alterados para o Ministório da Agricultura, continuamos com nossos contatos com representantes aqui do Brasil. O que significa: abra�amos o mundo! Al�m de fazermos o trabalho bra�al, continuamos todo o trabalho no escrit�rio.
Eu e Marcelo podemos dizer que pusemos as mãos em todas as garrafas. Meus pais e principalmente meu irm�o, colocaram a m�o na massa. N�o tinha como fazermos tudo e entregar a �encomenda� no prazo � o que sempre me deixa ansios�ssima! Trabalhamos das 7h �s 22h todos os dias, inclusive finais de semana e feriado, enquanto esper�vamos o pagamento chegar � conta da empresa (recebimento em d�lar, de outro pa�s, � demorado).
E ent�o, a surpresa: para que o dinheiro fosse liberado l� na �frica, t�nhamos de ter um documento que o Ministório das Finan�as de Benin deveria nos repassar, comprovando que n�o somos terroristas e que a negocia��o n�o era lavagem de dinheiro. Ok, pensando em todas as garrafas que ainda t�nhamos para rotular, sentei na frente do computador e comecei a conversar com uma advogada que faria os tr�mites para nós l�. Ou seja, uma africana, registrada no Ministório deles, comprovando ser profissional da �rea.
A melhor parte est� por vir: preenchi documentos para fazer o pedido do tal documento e enviei para ela. Mas, faltava um pequeno detalhe: EU, minha empresa, teria que enviar dinheiro pra l�, para que comprovasse minha idoneidade. E o melhor: a advogada n�o me passou o número de sua conta, ela somente me pediu para fazer uma transferência e enviar o número desta para que ela pudesse retirar o dinheiro. O que significa que eu nunca saberia onde encontr�-la depois disso.
Pensamos todos juntos, sugeri pagarmos e ver no que ia dar. A�, fomos at� o Banco do Brasil, que tem assessoria para Com�rcio Exterior e começamos a fazer pesquisas: o banco n�o existe, o documento n�o � exigido, talvez at� mesmo o comprador n�o exista. E eu, que fazia planos para a bolada que receber�amos, frustrei. Mas ao mesmo tempo, vi o lado Pollyanna: ainda bem que desconfiamos, ainda bem que buscamos mais informa��es, ainda bem que tentamos e ainda bem que todas as garrafas continuam aqui.
Quantos n�o devem cair no �conto do vig�rio�? De qualquer maneira, me senti p�ssima por ter trabalhado tanto neste �ltimo m�s, carregando caixa, fazendo força e pensando que tenho instru��o para muito mais do que isso. � come�o de neg�cio, eu sei, mas tem coisa que � muito difícel de engolir, viu!?
I will survive. E, maybe, a inspira��o para escrever volte com o tempo�
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