Mercadão, 75 anos com São Paulo
O Mercado Municipal Paulistano, o Mercado da Cantareira, o Mercado do Parque Dom Pedro ou simplesmente "MERCAD�O", como � popularmente conhecido, comemora seus 75 anos. S�o 75 anos dedicados � cidade de São Paulo, que faz aniversário no mesmo dia 25 de janeiro.
Mesmo antes de se transformar no grande mercado central, sua voca��o e sua identidade paulista e paulistana j� se revelava. Em 32, quando eclodiu a Revolu��o Constitucionalista, o pr�dio destinado a abrigar barracas de verduras, frutas, peixes, cereais, especiarias, carnes e todo tipo de alimentos, abrigou durante um per�odo os jovens revolucion�rios que aguardavam ali, no imponente pr�dio idealizado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, o momento certo de embarcarem nos trens que partiam de São Paulo para os campos de batalha.
Como se v�, a agitação do Mercadão come�ou cedo. Falando em começar cedo, � bom lembrar que este peda�o importante da cidade �, como diz a música, "São Paulo que amanhece trabalhando". Durante toda a noite, madrugada adentro, caminháes, carregadores, permission�rios (� assim que s�o chamados os comerciantes que possuem boxes ou bancas), feirantes, atacadistas, donos de restaurantes, realizaram a proeza de fazer chegar do campo at� o consumidor final, a alegria de dispor em sua mesa de um abacaxi ("docinho, freguesa" - na voz do feirante), de uma caixinha de morangos vermelhos prontos para receber a companhia do creme chantilly; o peixe assado ou frito com o molho de camar�o, tudo muito fresco; o pernil assado aos poucos, com espiadas no forno de quando em quando para reg�-lo com seu preparado secreto. Tudo isso e o bacalhau... � o bacalhau de todos nós. P�scoa, Natal, Dia das M�es, dos Pais - sempre � dia.
Tal como na vida de cada um de nós, na vida do Mercadão, nestes 75 anos, os dias nem sempre foram de flores e tampouco o �Sol de brigadeiro�. O pr�dio do Mercadão sofreu, desde sempre, com as chuvas. A regi�o onde est� situado era por onde o rio Tamanduatei passava � um rio que antes, cheio de curvas, espraiava suas �guas ali. N�o � � toa que, bem prôximo ao Mercadão, exista a Ladeira Porto Geral, antigo porto por onde desembarcavam as mercadorias vindas de toda parte e por onde hoje, na Esta��o do Metr�, desembarcam milhares de pessoas vindas de toda parte �vidas por compras nas lojas da rua 25 de Março e cercanias, regi�o antes habitada e povoada pela col�nia �rabe.
Por conta das enchentes, do uso cont�nuo, da a��o de v�ndalos e do abandono pelo poder p�blico, o Mercadão de tempos em tempos exigia uma reforma para seguir em frente com seu destino. Na �ltima, realizada em 2003, o Mercadão, al�m das reformas estruturais necess�rias, ganhou uma cara nova, aumentou de tamanho e de freguesia, com a chegada dos turistas.
A reforma trouxe � cena os vitrais do grande mestre, Conrado Sorgenicht Filho, que em 1926 iniciou uma s�rie de visitas a fazendas no interior de São Paulo para registrar em seu acervo fotográfico, e depois nos vitrais, a história econ�mica de nosso Estado, mostrando o ciclo da lavoura cafeeira com toda sua pujan�a e brilho. Recuperados os vitrais, as lumin�rias, suas ruas internas, o �Sal�o de Eventos� e toda sua �rea constru�da, o velho Mercado viu agregar-se a ele, n�o sem muita revolta, uma nova �rea constru�da. Um mezanino onde estão instalados diferentes restaurantes tem�ticos que se juntaram ao prazer gastron�mico oferecido pelas lanchonetes e bares (e agora tamb�m restaurantes) do piso t�rreo, que durante todos esses anos foram respons�veis pelos famosos sandu�ches de mortadela; past�is, bolinhos de bacalhau e tantas outras delícias que fazem do Mercadão um ponto gastron�mico imperd�vel para quem vive ou visita São Paulo. At� mesmo o escritor Mário de Andrade se encantava com as frutas e queijos quando, em 1935, dava expediente como diretor do Departamento Municipal de Cultura, instalado no pr�dio anexo ao Mercado.
Com uma cara renovada, com um jeito juvenil, falando alto, se movimentando a todo vapor, o Mercadão �, sem d�vida, um �cone de São Paulo. Aos 75 anos, tendo no seu interior 290 empresas, funcionando sem parar, este centro de abastecimento � campe�o de vendas em muitos itens, gra�as � dedica��o e empenho de todas as famílias que no Mercadão se estabeleceram. Portugueses, italianos, �rabes, japoneses, brasileiros, pioneiros há 75 anos atr�s, quando a cidade dava seus primeiros passos para este lado leste e o trem da Cantareira � cantado por todos nós atrav�s deste poeta e m�sico maior, Adoniran Barbosa, autor de �Trem das Onze� �, fazia o elo de liga��o entre os chacareiros da zona norte, Ja�an�, com o centro, com o Mercadão, juntando partes desta mesma São Paulo.
Mercado Municipal
Rua da Cantareira, 306 � Centro � São Paulo � SP
Fonte: folheto do restaurante SALADA PAULISTANA, localizado na rua J, boxes 26 e 28, do Mercadão de São Paulo.
Marcadores: Conteúdo é tudo, São Paulo � o que há, Álbum de fotos